Páginas

sábado, 11 de abril de 2015

Quando eu tinha trinta e três anos, eu pensava que não choraria. Mas eu me tranquei no banheiro e me lembro que chorei como criança.
Família é uma espécie de boa semente que cresce frondosa, forte, dá boa sombra, flores, frutos e oxigênio. Mas como toda árvore, família é uma planta que facilmente se despedaça quando é atingida por um raio.
Quando eu tinha trinta e três anos, eu chorei sozinha, como medo de cair. E aprendi que a gente cresce, mas que os filhos são apenas galhos, presos ao tronco e às raízes de seus pais. E que quando o tronco se racha, os galhos perdem a seiva, ficam fracos e se nada for feito, caem. Mas família é uma árvore de raiz firme. E as raízes sugam do profundo da terra a força para manter vivos os seus galhos feridos. Família é árvore que quando o tronco racha, a raiz se fortalece e como família é uma árvore de raízes mágicas, a raiz se finca ainda mais na terra e sustenta seus galhos enviando-lhes a seiva pelo tronco, agora invisível.
Quando eu tinha trinta e três anos, eu era uma criança e minhas lágrimas pingaram como gotas de orvalho. Mas a raiz de minha família, sedenta, sugou minhas lágrimas e as lágrimas dos outros galhos assim que elas atingiram o solo. E sobreviveu.

Família é uma árvore rara, cujas raízes são forjadas no feminino.