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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Com que roupa eu vou?


Saí trajando a verdade.
Esta roupa invisível
Porém, belíssima.

Ao passar entre os cínicos
Ouvi seus gritos –
Prendam essa vadia!

Obrigaram-me a usar a mentira.
Esta roupa visível
Porém, curtíssima.

Eis que, para manter a boa conduta,
Sempre que saio de casa,
Eu me visto como uma puta.




sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Vaia e a Ola

Lá vai a vaia
Em uníssono rugido

A cara da vaia é branca
Como são brancos os seus santos

As veias da vaia são azuis
Suas bochechas, um par de maçãs

A casa da vaia é grande
E distante das senzalas

A vaia faz selfies vaidosos
E os publica no Instagran

E ainda que não viessem do alto
Os vaiantes não seriam tão baixos

A vaia é cheia de motivos
E vazia de sentido

E há quem diga que a vaia é boa
Quanto a mim,  prefiro ver a Ola

T.F

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Primeiro Poema de Aniversário

Eu, que lutei, esbravejei,
Que jurei até o último momento
Ser a vitória uma questão de tempo

Eu, que procurei por mim mesma
Entre os escombros de minha alma,
Acreditando quando ninguém mais acreditava

Aceito agora a minha derrota
E declaro, vencida e cansada,
Que dou as buscas por encerradas



quinta-feira, 5 de junho de 2014

Cuidado, caretas

Conheci uma velha árvore
Prestes a ser cortada.
Não era porque não dava flores
Nem folhas, nem frutos
Nem por nada...
Não era nem porque era velha...
O problema da árvore
É que ela tinha a raiz quadrada.


(Se essa ideia pega...)