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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Desprender-se



              uma pena
                                                 solta 


                                                                             de uma asa


                   é mais livre


                                                                     que um pássaro


solto
                                                                                                no espaço




Tallu Fernandes

terça-feira, 15 de maio de 2012

Onde está meu filho?


Um filho é um presente
Que Deus manda
E que dura para sempre
Eternamente
Porque um filho não morre
Um filho se esconde
Num lugar tão esquisito
Que a mamãe procura
Procura, procura
Do chão até o teto
E nunca mais encontra
Enquanto ele ri escondido
No seu esconderijo secreto

Tallu Fernandes

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mãos, Pensativas, nos bolsos




Me parece, ou melhor, é inconteste
que me fui análogo, mas nunca exato.
Andei pelo mundo como se fora a vida
enquanto a vida esteve confusa
na busca do meu personagem.
Nunca cheguei aos pés dos meus sonhos,
ou melhor, da criança que iniciou meu caminho.
Não cheguei a decidir entre ser grande,
como Pessoa, ou Pascal,
ou apenas real,
como, parece, esteve ao alcance das minhas mãos.
As mãos pensativas, mantive-as nos bolsos,
e ao afinal libertá-las já nada alcançam.

Parece que não levantei no melhor do meu
humor,
ou melhor, definitivamente tenho estado mal.
O que no fundo não é mal, pois me evita conviver
com essa esperança que me ilude como um
vendedor de ungüentos.


Alaor Chaves



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ameaça suicida

Toda a minha alma transborda
Já não me suporto dentro de mim
Preciso explodir
Incendiar
Provocar um desastre

Dois passarinhos pousam nos fios
Acima de meus olhos
E penso que o perigo
É sempre mínimo
Para os que estão soltos
Do espírito


Ah, mas se eu pousasse sobre os fios...

Tallu Fernandes