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sexta-feira, 29 de abril de 2011

nuvens no condomínio


chandrasantos.blogspot.com

































    Essas nuvens sobre minha cabeça
    parecem tão brancas
    leves e lúdicas

    são como essas caras
    que me olham cheios de pena
    como se fossem tão leves
    brancos e lúcidos

    mas sei que se chove
    ou se se comovem
    o risco é tão grande

    que a descarga 
    a peso de toneladas
    destruiria toda essa atmosfera
    de brancura, sonho e leveza
    num único instante

    o instante do choque
    da natureza contra si mesma
    e do homem 
    contra sua própria natureza

                                                  Tallu Fernandes



    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Medidas Modernas



    Entre meus parentes, amigos e inimigos
    E desconhecidos, patrões e empregados
    Paira no ar um paradoxo
    Quanto ao meu salário

                Ele é sempre muito
                pelo que eu lhes faço
                E também sempre pouco
                pelo que lhes valho.
                           
                                                    Tallu Fernandes

    domingo, 24 de abril de 2011

    nosso encontro

    foto:Tatiane Takahashi


    Agora que o tempo passou
    Eu desisti de muitas coisas
    Principalmente de envelhecer

    Envelhecer é pra gente velha
    Que passa a vida à toa
    Vendo a banda passar

    Eu quero pular a janela
    E ser a banda que passou
    E sumiu no mesmo instante

    Eu não vou esperar pelo dia
    Em que serei quem eu sou
    E quem eu sou não era nada

    Eu virei uma poeira, uma poesia
    E a velhice bem que chegou
    Porém bastante atrasada

    Tallu Fernandes



    sábado, 23 de abril de 2011

    1º de Maio

    proflusos.blogspot.com



    Na janela
    Meu vizinho tem
    Um passarinho

    Ele reclama
    O tempo todo
    Desde cedinho

    Depois se cansa
    Sonha um pouco
    E começa de novo

    Na carteira
    Meu vizinho tem
    Um emprego

    Ele sonha
    O tempo todo
    Desde cedo

    Depois se cansa
    Reclama um pouco
    E começa de novo.

                                Tallu Fernandes

    quinta-feira, 21 de abril de 2011

    Meu Projeto

    Era arquiteta
    pensei-me
    fiz-me
    errei
    nasci poeta

                                                 Tallu Fernandes - 1995
    poetasmarituba.blogspot.com

    quarta-feira, 20 de abril de 2011

    LOTERIA




    Por vê-lo tão ansioso,
    Eu lhe digo


    Não pague este imposto, filho


    Que a sorte nada cobra
    de quem a alcança


    Mas sabendo que o tolo
    Sempre espera


    Ele tributou a esperança.



    fonte: google

                                     Tallu Fernandes

















    sábado, 16 de abril de 2011

    O FEIO

    http://www.twanight.org                                                                www.starryearth.com


    Eu não sei se o que faço
    Faz poesia
    Não sei se o que escrevo
    Merecia um livro
    Quem dirá um leito

    Absolutamente indigno
    Escrevo
    E como não rasgo
    Publico

    Sabendo que ao menos
    Contribuo feio
    Se a feiúra é o casco
    Perecível
    Do bonito.
                         Tallu Fernandes

    quarta-feira, 13 de abril de 2011

    DE VOLTA PRA CASA

    Se alguém perguntar por mim
    Pode dizer que eu voltei pra casa...
                        Mas não comente do quanto andei ferido
                        E de todas as palavras que me acertaram            
                        Nem diga nada sobre os meus absurdos...
    E se pedirem mais algum detalhe
    Como fazem esses parentes repentinos
    Diga qualquer coisa sobre os comprimidos
    Mas não mencione as dosagens
    Nem toque no assunto dos afastamentos
    Que essa gente é toda cheia de maldade...
                        Mas se algum amigo desavisado
                        Por acaso me ligar a buscar notícia
                        Pode dizer que eu fui sorrindo
                        Com aquele meu velho riso de malícia
                        Que tanto irrita e por isso mesmo conquista...
                        E que se isso não fosse verdade
                        Ele agora não estaria ligando
                        Embora um tanto quanto tarde...
    Mas diga que sim, que parti sonhando
    Como sonham todos os lunáticos
    Com a utópica esnobe liberdade...
                        E se finalmente meu pai me procurar
                        Numa tentativa quase ridícula
                        De finalmente tornar-se um pai
                        Diga-lhe que agora já é tarde demais
                        E que toda e qualquer paternidade
                        Será finalmente perdoada...
    Diga-lhe que neste lugar para onde eu sigo
    É dispensável toda gravidade
    E que, enfim, eu sigo livre de mim mesmo...
                       No final da avenida,
                       Subindo infinitamente a rua
                       Encontrarei a minha morada
    E se mais um alguém perguntar por mim
    Não diga nada sobre a lua...
    Diga apenas que voltei pra casa.
                                                                   Tallu Fernandes