Páginas

domingo, 1 de maio de 2011

Eu não sou digno

Não está na sua mão
minha amiga
nem nos seus olhos sempre arredios
nem em nenhum lugar do seu corpo
                Não está nem mesmo no seu coração
                essa terra longínqua e fascinante
Não se esconde nos seus cabelos
nem quando havia como
entre os caracóis
quem dirá agora
tão curtos e deslizantes
                Não está também entre os seus dedos
                que tantas vezes se entrelaçaram aos meus
                e que talvez por isso me fizeram crer
                que estaria somente em você
                a minha força vital
                o amor
                o estranho amor de que me falam
                o amor eterno
                transcendental
                o amor maternal
cuja ausência
é a causa dessa doença
de todo o mal
de toda a dor
de toda solidão
                por isso me perdoe,
                por favor,
                perdoe a minha estranheza
                que nem por você nem por ninguém
                pode ser compreendida
                a menos que também se enlouqueça
Por isso rezo ao Senhor
que me permita morrer
e renascer n'outra vida
              Quem sabe n’outra barriga
              tão demente e generosa
              a ponto de vir a amar
              como se ama um filho
              aquele que trará o meu espírito.

                                                 Tallu Fernandes




fonte: www.google.com.br/imgres...