Alaor Chaves
(inspirado em poema de Tallu Fernandes)
Em silêncio
navego o éter que inunda o cosmo.
Sou rubra, verde, azul, violeta, amarela...
(meu coração é rubro).
Sou filha primogênita do Criador
anterior ao sol, à aurora e ao crepúsculo
que tinjo da cor de meu coração.
De cá para lá
(com minha ágil leveza)
carrego a imagem das estrelas
da lua, da areia e das trevas.
Namoro a brisa que me sopra a vida
para travessias carregadas de solidão
(Navegar no ermo é minha lida).
Uma ou outra
(como Jano).
As duas faces não mostro ao mesmo tempo.
Ontem fui onda, hoje partícula
as duas em nenhum momento:
revelo só uma das faces
eleita conforme o evento.
Minha dualidade não é farsa
nem malícia é meu paradoxo.
Mandaram que eu fosse assim
(ambígua).
Olha! mostro-te como sou, colorida
mas não me revelo inteira
se queres devassar minha vida.