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domingo, 15 de maio de 2011

Eu, a luz



         Alaor Chaves
               (inspirado em poema de Tallu Fernandes)
                                        


Em silêncio
navego o éter que inunda o cosmo.
Sou rubra, verde, azul, violeta, amarela...
(meu coração é rubro).
Sou filha primogênita do Criador
anterior ao sol, à aurora e ao crepúsculo
que tinjo da cor de meu coração.

De cá para lá
(com minha ágil leveza)
carrego a imagem das estrelas
da lua, da areia e das trevas.
Namoro a brisa que me sopra a vida
para travessias carregadas de solidão
(Navegar no ermo é minha lida).

Uma ou outra
(como Jano).
As duas faces não mostro ao mesmo tempo.
Ontem fui onda, hoje partícula
as duas em nenhum momento:
revelo só uma das faces
eleita conforme o evento.

Minha dualidade não é farsa
nem malícia é meu paradoxo.
Mandaram que eu fosse assim
(ambígua).
Olha! mostro-te como sou, colorida
mas não me revelo inteira
se queres devassar minha vida.

Alaor Chaves.

Este poema foi, gentilmente, enviado pelo caro poeta e prof. Alor Chaves, cuja aula sobre o tema do Princípio da Complementaridade, foi a inspiração para o poema homônimo postado neste Blog. Esta aula foi ministrada no Curso de Atualização "Einstein no Terceiro Milênio-2011", promovido no ICEx/UFMG, pelo excelente Prof. Aba Irsrael Cohem Persiano. A ambos os professores titulares do Departamento de Física da UFMG, e colegas de curso, agradeço muito a oportunidade do convívio!