Agora dormes, embora saibas que a manhã se refaz
Indiferente à sonolência de teus planos
E a de todos os guerrilheiros que ano após ano
Morrem, mas não se rendem aos apelos da paz
Perdes a fé, apesar dos homens e seus milagres
Ressuscitando a matéria morta das ambições diurnas
E apesar das mulheres replantando ilusões noturnas
Agora dormes, alheio
à esperança e seus entraves
No peito da pátria te entregas ao sono
Que antes adiavas para sempre mais tarde
Quando tinhas ainda a alma densa de uma criança
Mas agora um anjo negro entoa um acalanto
E teu espírito rarefeito finalmente descansa
Apesar dos gritos agonizantes da mocidade