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terça-feira, 20 de maio de 2014

No peito da pátria


Agora dormes, embora saibas que a manhã se refaz
Indiferente à sonolência de teus planos
E a de todos os guerrilheiros que ano após ano
Morrem, mas não se rendem aos apelos da paz

Perdes a fé, apesar dos homens e seus milagres
Ressuscitando a matéria morta das ambições diurnas
E apesar das mulheres replantando ilusões noturnas
Agora dormes,  alheio à esperança e seus entraves

No peito da pátria te entregas ao sono
Que antes adiavas para sempre mais tarde
Quando tinhas ainda a alma densa de uma criança

Mas agora um anjo negro entoa um acalanto
E teu espírito rarefeito finalmente descansa
Apesar dos gritos agonizantes da mocidade