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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Poema Para o Menino Morto

Exatamente um milésimo de segundo
Antes do último segundo,
Alerta como jamais estivera,
O homem se despe de sua carne,
E de sua alma

Engana-se quem espera do homem,
Este ser que é só carne e sopro,
Desfazer-se de seu corpo
Sem com ele perder seu espírito

Seria todo homem um santo
Se assim fosse

Porém, por ser exatamente um homem,
E por ser o homem exatamente o que é,
Só é possível morrer completamente

Exceção aberta aos homens de fé.

A fé que eu não sei
Que eu não tenho
É que te dou,
Meu pequeno menininho morto,
A tiros,  agora há pouco,
Por uma bala perdida
De uma arma qualquer.