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sábado, 12 de julho de 2014

Ódio à Liberdade

Observando a Praça da Liberdade
Percebo que mesmo essas velhas palmeiras
Têm crescido mais do que eu
Nesses meus dias de funcionalismo público  

Vejo o verde da grama
E sinto repentina fome  

Quero descer e pastar a paisagem
Feito um boi gordo e preguiçoso 
 
Depois desabar na sombra
E ruminar meus sonhos 

E antes que se tornem realidade
Eu os engolirei de novo  

Depois viro carne moída,
Viro janta e finalmente lixo  

Mas enquanto ainda estou vivo
Desço no horário e bato meu ponto  

E caminho livre como os outros homens...
Até que passa um menino enxerido
Que me conta e sai correndo
Que eu tenho um cheiro esquisito de bife  

Paulo Menegale