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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A terceira margem do rio



Dos tempos normais
Não me alembro mais
Eu era um homem – isso era tudo

Veio o estúrdio
E eu me desaparecia
Depois surgia
Aproado sem trouxa
Em cima da canoa
Sem remo nem rio

Depois disassurgia
Diluído lá dentro de mim
Entestando o mundo
Que me ensimesmava

E o menino ralhava
“Volta, homem”
Mas eu num voltava

Só sabia partir
Sumir sumir sumir
Até que me desassumi de mim

Tallu Fernandes