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sábado, 31 de março de 2012

NADA NUNCA MAIS


A lua que vejo, antes não vi,
e vista nunca mais será,
embora
mil vezes a vira Hiparco.
O agora agoniza no mar do passado,
o alvor da aurora já é rubro no ocaso.
Este verão, espremido
pela ardente primavera
e o cansado e velho outono,
espreita o próximo mas já é saudade.
Embora
a infindável repetição ilusória,
na clepsidra, a água dissolve o Egito
em cada gota.
No delicado vento, lá se vai em pó
a orgulhosa pirâmide.

Alaor Chaves